HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE TRAIRÃO

               O Município de Trairão está localizado nas margens da BR 163(Cuiabá-Santarém) tendo como limites o município de Itaituba, Rurópolis e Altamira. Possui uma realidade sócio econômica bastante peculiar na região de inserção, resultante do processo de ocupação espontânea, que teve início em 1972, com a abertura da BR 163 (Rodovia Santarém Cuiabá). Em 1974, os primeiros colonos vindos de outras partes do país reivindicaram ao INCRA, o responsável pelo programa de colonização na região, uma área para ser o centro de apoio, local onde pudessem instalar escola, igreja, posto de saúde e comércios. Em 1975 foram demarcados e ocupados os primeiros lotes urbanos, período em que a comunidade também construiu a primeira escola, e foi nesta área que se constituiu a vila de Trairão.

              Em 1976, o processo migratório se intensificou, principalmente com famílias vindas da região nordeste do país, tendo como atrativo a abundancia de terras agrícolas. Os colonos, mesmo possuindo lote rural, residiam na área urbana que espontaneamente se formou. Nessa época, como parte do projeto de colonização, o Estado esteve presente através de crédito subsidiado para lavoura de subsistência acompanhada de assistência técnica. Dois anos depois, o serviço de assistência técnica desconsiderou todo saber tradicional das famílias, identificando-o como fator de atraso no meio rural e procurou difundir um conhecimento diferente, voltado para o mercado de exportação, que foi monocultivo da cultura do cacau que desde então vem recebendo apoio da CEPLAC.

              Na década de 80, a colonização se intensificou com a abertura das vicinais e com as chegadas das famílias vindas do sul, sudeste e ordeste do país, época que também iniciou a diversificação da produção por iniciativa das próprias famílias. Esse novo grupo de colonos trouxe a atividade pecuária, que vem ocupando significativo espaço na economia local. Esse foi também o período de chegada das serrarias com interesse no potencial madeireiro da região.

              Outra atividade econômica que trouxe transformações para a área territorial do Trairão foi à exploração de garimpo na região, cujo acesso se dava pela rodovia que corta o município. Diante dessa produção a vila de Trairão experimentou a expansão do comercio local e da prestação de serviços, além de também ter promovido um acentuado deslocamento da mão-de-obra agrícola para áreas de garimpo. O constante fluxo de pessoas estranhas à cidade, que passou ser referencia para os garimpos, fez aumentar a violência na área urbana.

              O efeito dessa mistura cultural gerou para o município traços culturais diferenciados e localizados (em aglomerados populacionais de vilas), que estão estritamente relacionados com o processo de ocupação do território. Hoje se observa agrupamento de famílias que mantêm suas culturas de origem: o nordestino com suas músicas, seus artesanatos de palha e sua comida de forte tempero; os sulistas com suas danças, doces pães, carnes defumadas e chimarrão; a cultura paraense propriamente dita, se apresenta especificamente por traços indígenas especifico de uma localidade, mas também começa a se difundir através de eventos culturais promovidos pela Secretaria de Educação, de forma que pode-se dizer que o município de Trairão tem uma cultura diversificada e mesclada.

              Oficialmente, o município de Trairão teve o processo de criação iniciado por uma proposição parlamentar, em setembro de 1989, acompanhado de abaixo assinado composto de 308 assinaturas de moradores da então vila de Trairão, recebendo também a autorização do desmembramento da área pela Câmara Municipal de Itaituba, através do Decreto Legislativo nº08/89. Entretanto, o município só foi criado pela lei Estadual nº 5.695 de 13 de dezembro de 1991,sancionada pelo então Governador Jader Barbalho.

              Hoje sua área é de 11.991,20 Km² (IBGE 2000) e abriga uma população de 17.038 habitantes, dos quais cerca de 77% vivem na zona rural, distribuída ao longo da Cuiabá-Santarém em alguns aglomerados urbanos, como grandes e pequenas vilas, ou mesmo nas vicinais (estradas secundárias que cortam ao rodovia principal).

              A distância da capital do Estado do Pará é de 910 km, e o acesso é feito por via rodoviária, aérea ou fluvial através de Itaituba. O principal meio de transporte utilizado para deslocamento aos municípios vizinhos da região é o rodoviário, devido principalmente sua área territorial ser cortada ao centro, pela rodovia Cuiabá-Santarém (BR163).

              A base econômica do município gira em torno da agricultura familiar e da extração madeireira. Os produtores familiares se dedicam ao plantio de lavouras temporárias como arroz, milho, feijão e mandioca, e semi - temporários como plantio de banana, pimenta-do-reino, e mais as culturas permanentes em menor proporção se comparadas às citadas anteriormente. Outra atividade produtiva rural que vem crescendo no município é produção pecuária de corte, desenvolvidas em médias e grandes fazendas.

              A infra-estrutura urbana do município, assim como em todos os municípios com menos de 15 anos de formação nesta região, ainda está em fase de implantação ou em vias de desenvolvimento. A formação organizacional da população local é, em grande parte, fragilizada economicamente e possui acesso limitado às informações sobre seus direitos e deveres como cidadãos.

              Da escolha do nome do Município,contam os mais velhos “que para formar a vila vieram 18 homens que roçaram uma área, fazendo uma abertura na beira da estrada, onde havia um acampamento no Itapacurá, na época, o pessoal vinha até o Rio Amadeus pescar traíra(peixe de água doce), e certa vez,pegaram uma pesando cerca de 40 Kg e começaram a se referir ao rio como Trairão, que em seguida transformou-se em comunidade”.

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